
Nº 34/2019
Em muitos aspectos, esta é uma edição muito especial da eSea. Se você chegou até aqui, deve ter notado que estamos usando uma plataforma diferente para lançá-la. Conforme você avança, perceberá um clima bem sul-americano, com um toque do Ártico – sim, estamos voando para o Rio.
Estamos usando nosso site como principal plataforma de lançamento da eSea porque passamos o último ano reconstruindo-o para se tornar uma parte vibrante da nossa comunicação. Sites, em geral, tendem a existir apenas porque precisam. Como um cachorro, não é só para o Natal. Precisa de alimentação e exercícios constantes. Muitas vezes, é apenas um “check” na lista da empresa. “Ah, sim, temos um site.” Aí você olha na seção de notícias e vê que a última postagem tem quatro anos.
Ao integrar a eSea ao site, garantimos constante atualização, além de uma experiência mais fácil e completa para você, leitor, e quem sabe, talvez até como participante de um curso. O objetivo da eSea sempre foi informar de forma divertida. Nunca foi a revista da Maersk Training, mas sim uma revista da Maersk Training. É uma diferença sutil que nos esforçaremos para manter, mesmo estando incorporada ao site. Queremos ouvir seu feedback. Positivo ou negativo, é o único caminho para avançar.
A viagem ao Rio foi baseada na experiência de um novo curso, onde a equipe de perfuração brasileira de uma sonda contratada pela Shell estava indo para águas profundas e precisava perfurar o sal para chegar ao petróleo. Perfuração em sal é particularmente imprevisível e exige um nível ainda maior de comunicação clara. Por isso, o curso focou em alinhar habilidades técnicas e humanas.
A segurança é fundamental em tudo o que fazemos. Todos os anos, todo o grupo Maersk tira um tempo para focar em segurança, buscando melhorias para os próximos 364 dias. Este ano, há uma decisão que muda a mentalidade: deixar de lado a culpa e buscar a origem de qualquer incidente. Propomos algumas perguntas para você refletir sobre como reagiria em certas situações. Durante nossa estadia no Rio, ocorreu um incidente que exigiu que a tripulação de uma embarcação mudasse sua visão sobre treinamento em segurança.
No lado humano, no Rio conhecemos um trio de homens interessantes que, de diferentes formas, podem fazer você reavaliar sua vida. Aproveite.
Richard Lightbody
rli039@maersktraining.com

O relógio na parede marcava oito e cinco, mas a equipe de perfuração na sala de aula estava prestes a viajar 200 milhões de anos no passado. O alvo físico final está a apenas 85 km da costa brasileira. Espera-se que seja a chave para uma das riquezas do Atlântico Sul, os extensos campos de petróleo que se estendem do Brasil até Angola, dois países em dois continentes que já foram unidos fisicamente e agora compartilham uma língua e um potencial milagre transformador.
O bloco da Shell no leito do Atlântico ocidental está relativamente próximo da terra, mas em águas profundas. O motivo para a abertura de vários novos campos é que a maré econômica virou a favor das operações em alto-mar. O fundo do mar, do Brasil à África, onde antes eram unidos há milhões de anos, tem uma camada de sal e, abaixo dela, quase certamente, um dos melhores petróleos do mundo. O sal, mesmo em forma de rocha, é uma base menos estável e pode causar situações únicas de perfuração. Até agora, todos os poços perfurados como exploratórios renderam grandes retornos.
Não há indicação de que o novo campo, embora isolado e distante de dezenas de outros novos e já estabelecidos ao sul, será menos generoso. A tripulação do navio-sonda Brava Star foi a segunda e última parte da seção de perfuração a participar de um novo curso holístico, Controle de Poço e Gerenciamento de Recursos da Tripulação. O curso não separa os dois temas, mas os integra, unindo o lado técnico e as habilidades humanas, mostrando como podem se influenciar mutuamente.
O casamento perfeito
É um caminho que a Maersk Training vem desbravando há algum tempo. Muitas vezes, ao analisar as consequências de um acidente, a causa está na fragilidade humana ao seguir procedimentos ou em decisões equivocadas. A união de pessoas e habilidades tecnológicas tem sido a base de uma nova geração de cursos para equipes de novas embarcações e já provou seu valor com o retorno sobre o investimento em poucas semanas após o embarque das equipes.
Wouter Bode, Consultor Técnico de Poços da Shell Brasil, acredita que o retorno sobre o investimento ficou evidente antes mesmo do terceiro dia, o último do curso. “Eu diria que, depois de fazer isso, acho que em toda campanha em que trouxermos uma nova sonda, eu consideraria fazer um treinamento semelhante. Foi incrível. Agora também estamos considerando que talvez, após um ano, precisemos trazer essas equipes de volta para um dia no simulador, para revisar e ver onde estão. Talvez, como resultado do uso dos procedimentos offshore e durante os controles regulares de poço toda semana, haja melhorias adicionais que possamos fazer.”
Wouter avaliou o sucesso do curso em vários níveis: desenvolvimento de habilidades, construção de equipe e também como campo de testes e desenvolvimento de procedimentos. O CRM tem origem na indústria aérea e, mais precisamente, em um dos estudos de caso analisados pela equipe, a tragédia do 747 em Tenerife, em 1977. Desastres em sondas provocaram uma resposta da indústria do petróleo, mas é geralmente aceito que ainda está atrás em termos de rigor e definição de padrões uniformes.
“O curso superou minhas expectativas porque as pessoas não só puderam treinar o básico, mas também, trabalhando juntas, se conheceram melhor. E acho que foi muito poderoso, como operador, reunir-se com o contratante da sonda e trabalhar juntos, cara a cara, por três dias, realmente entrando na mentalidade de que eles têm autonomia para fazer isso e fazer corretamente”, acrescentou Wouter.

Shell, Expertise e Investimento
A Royal Dutch Shell investe US$ 2 milhões por ano na bacia de Lula. O campo do norte, onde o Brava Star iniciou operações, foi descoberto em 2007. Fica relativamente próximo do continente, mas o leito marinho é profundo e a camada pré-sal é especialmente espessa, estimada em dois quilômetros em alguns pontos. O petróleo encontrado no reservatório de Tupi, ao sul do Rio de Janeiro, com baixo teor de enxofre, é descrito como leve e “doce”.
Perfuração sob uma camada de sal pode ser mais complicada do que em rocha sólida – mesmo com vários quilômetros de espessura, é menos previsível e exige ainda mais cautela do que o normal na casa do cachorro.
A Petrobras detinha o monopólio do petróleo brasileiro até 1995, quando a constituição mudou para permitir investimento estrangeiro. A Shell tem 25% de participação no consórcio de Lula.


Treinamento de Realidade
A Maersk Training busca estar na vanguarda das técnicas para transmitir sua mensagem. Pioneira em simulação e em romper barreiras de ensino e coaching, o instrutor de resgate Felipe Santana se deparou com um novo gênero que foi ao mesmo tempo trágico e esclarecedor: o treinamento de realidade.
Uma experiência de aprendizado a bordo como nenhuma outra
Felipe estava há 18 dias no local, treinando a tripulação do navio de suprimentos Maersk Vega. Era a primeira vez que eram treinados a bordo e, na verdade, havia uma leve relutância em interromper a rotina normal com sessões educativas.
Ancorado ao largo da Baía de Guanabara, o grande estuário do Rio de Janeiro, e sendo avaliado antes do iminente deslocamento, os navios de suprimento na baía estão sob risco aumentado, não de pirataria ou sequestro, mas de furtos sorrateiros. O navio estava em lockdown, mas um homem conseguiu subir a bordo e chegar até a ponte. Lá, foi descoberto pelo piloto. Suas mãos estavam sangrando e ele estava em estado de semi-exaustão. Era meia-noite e a história revelou que ele era um pescador, não um pirata. O capitão chamou a tripulação para encontrar Felipe. O homem disse que seu barco de pesca havia afundado e que três membros de sua tripulação estavam desaparecidos, uma mulher e dois homens. Era um barco familiar.
Frio e Confuso
Como especialista em resgate, Felipe foi designado pelo capitão para assumir a operação. Um segundo barco de pesca localizou os dois homens e os trouxe ao Vega, onde foram embarcados usando as técnicas ensinadas dias antes, e Felipe e a tripulação os reanimaram. Os pescadores estavam confusos e exaustos e, mesmo nas águas brasileiras de 20 graus, estavam quase em estado de hipotermia. A quarta tripulante, uma mulher de 48 anos, infelizmente foi levada pela correnteza. Seu corpo foi recuperado depois por outro barco de pesca.
Todo o incidente foi um choque brutal sobre o valor do conhecimento correto do que fazer em uma situação de emergência e, de repente, a tripulação reconheceu isso. Tudo o que haviam ouvido nos dias anteriores finalmente fez sentido. As lições restantes a bordo ganharam novo significado e respeito pelo valor do conhecimento, especialmente se fosse aparentemente óbvio ou trivial, como a localização exata ou a função de um equipamento. Os segundos economizados por esse conhecimento foram preciosos no resgate dos dois pescadores. Na manhã seguinte, os três homens foram transferidos para outra embarcação e levados de volta ao porto de origem.
Antes do resgate, eles até tinham uma maca a bordo, mas não sabiam onde estava. Restavam cinco dias de treinamento a bordo e Felipe notou uma nova consciência e comprometimento. Todo o incidente foi um choque brutal sobre o valor de saber o que fazer em uma emergência e, de repente, a tripulação reconheceu isso.
O contramestre que ajudou Felipe observou: “agora sabemos onde está tudo”.

Às vezes, as menores coisas podem fazer a maior diferença. Jerry Faria, com uma pequena mudança em seu tempo pessoal e um gasto do próprio bolso, faz uma enorme contribuição para sua comunidade natal. Ele desmonta coisas quebradas e descartadas e lhes dá uma nova vida; se vê como um pequeno Frankenstein tecnológico.
As façanhas de Frankenstein de Jerry criam novas oportunidades de vida
A vila de Kawa Shee não é um lugar fácil de encontrar no mapa. Até o Google Earth tem dificuldades. É uma comunidade dispersa de trezentos a quatrocentos habitantes no que chamam de “interior”, um eufemismo para a maior parte da Guiana tropical fora da região costeira. Não é inacessível, cerca de 800 km de estrada sinuosa na selva a partir da capital Georgetown ou via uma pista de pouso de grama, mas, em termos do século XXI, ainda é remota.
Jerry cresceu em um mundo iluminado apenas por velas e querosene. Hoje há uma escola relativamente nova atendendo as crianças das fazendas isoladas, mas ainda não há rede elétrica. A energia disponível é solar, armazenada em baterias, e é preciosa. Ele ia à escola descalço, muitas vezes sem camisa, só de bermuda, e só em 1994, aos dezesseis anos, em uma viagem ao Brasil, viu seu primeiro computador. Foi um momento transformador, mas, como se viu, não só para Jerry.

Ele foi para a universidade e, em seu ano sabático, voltou para descobrir que a igreja local tinha um computador. “A igreja basicamente mostrou como ligar, então literalmente ligavam e ficavam olhando para a tela”, lembra Jerry. “Ninguém sabia o que fazer, então carreguei programas como Mavis Beacon para aprender a digitar e processadores de texto básicos.” A transformação de Mary.
Jerry ficou em casa por seis meses em Sand Creek (que o Google Maps encontra) ensinando as crianças. Uma de suas primeiras alunas foi uma pequena menina ameríndia. Mary ficou tão fascinada por ciências da computação que foi para a capital estudar mais e se tornou secretária pessoal da Ministra dos Assuntos Ameríndios e se casou com um médico. Por qualquer perspectiva, aquela introdução ao computador mudou vidas.
Jerry começou a pensar: “se você consegue isso com um computador, imagine se...?”

Hoje Jerry trabalha para a Maersk Training no Rio como instrutor de segurança, especialmente para a indústria eólica, mas em Kawa Shee eles aguardam ansiosamente sua visita anual. Ele passa os onze meses anteriores atento a qualquer laptop descartado – não procura desktops, são muito volumosos. Ao longo dos anos, conseguiu transportar até 30 laptops para casa. É difícil calcular quantos momentos de mudança de vida e carreira os laptops proporcionaram. Não é uma jornada fácil. Envolve até quatro voos internos e depois uma viagem de carro pela fronteira. É uma viagem que exige cautela. Como herança dos tempos coloniais, a Guiana é um dos dois países sul-americanos que dirige pela esquerda, o Brasil, pela direita. Para ajudar na mudança, há uma conexão de túnel e ponte que parece um nó, onde você emerge do outro lado.
A reciclagem de Jerry não para nos computadores. Ele extrai as células de bateria 18650 de computadores mortos e as recarrega – elas então têm cerca de quatro anos de vida em lanternas, uma ferramenta vital em uma comunidade sem iluminação pública. A missão de educar não para na eletricidade. Quando a escola da esposa professora Karen fechou no Rio, eles aproveitaram os cadernos em branco e 200 mochilas. As mochilas podem ter o nome da escola errado, uma de 3.331 km ao sul, mas hoje são comuns em Sand Creek.

A questão do idioma
O título já diz tudo, duas vezes. Repetidas vezes, o erro que causa uma má impressão ou, pior, um acidente, se resume à comunicação básica. Não tanto à falta dela, pois nessas situações as pessoas acabam tirando suas próprias conclusões, mas à área perigosa da má comunicação, onde decisões são tomadas com base em informações equivocadas. Imagine uma situação em que você tem técnicos qualificados, prestes a embarcar em uma missão que exige conhecimento especializado e, às vezes, novas habilidades, e grande parte do briefing, para a maioria dos presentes, é em um idioma estrangeiro.
A tripulação do navio-sonda de ultra-profundidade Brava Star foi a primeira a passar por um novo programa de preparação na Maersk Training no Rio, que envolveu aprimorar habilidades técnicas enquanto desenvolvia suas competências de comunicação. Os tripulantes eram brasileiros, os gestores uma mistura global de ingleses, brasileiros e holandeses, os instrutores do curso, dinamarqueses e brasileiros. Eles estavam entrando em um processo onde a mistura virou integração, onde as técnicas de Controle de Poço encontraram a clareza do Gerenciamento de Recursos da Tripulação.
Durante todo o processo, os idiomas eram inglês e português. Quem já ouviu bastante qualquer um dos dois notará que quase não há palavras ou sons semelhantes, apesar de os dois países terem a mais longa aliança da história, mais de seiscentos anos de entendimento náutico compartilhado.
Some a isso o fato de que o projeto de perfuração está reunindo pessoas e empresas pela primeira vez. Como conduzir um exercício de três dias em que todos se beneficiam?
Aparentemente, com facilidade; na verdade, foi um caso clássico de transformar uma fraqueza aparente em vantagem. Inconscientemente, era possível ver os participantes esclarecendo seus pensamentos, falando mais devagar e distintamente, ajudando a mensagem com gestos e depois verificando se ela foi compreendida.
Controle de Poço e Gerenciamento de Recursos da Tripulação é a mais recente união de habilidades da Maersk Training, que vem sendo pioneira em instrução holística há vários anos, promovendo o desempenho de toda a equipe. Os resultados desta vez foram impressionantes, segundo Wouter Bode, Consultor Técnico de Poços da Shell Brasil: “Às vezes, alguém dizia algo em português e outra pessoa conseguia ouvir e falar em inglês e, depois, com alguma tradução, todos ficavam na mesma página. Embora inicialmente parecesse um desafio, acho que na verdade aproximou a equipe, com a percepção de que precisamos ouvir uns aos outros e dedicar tempo à comunicação.”
Este curso foi apenas para a seção de perfuração do Brava Star. A tripulação foi dividida em grupos; enquanto um enfrentava desafios técnicos com o instrutor dinamarquês Kim Laursen, auxiliado por Mariana Sagas, o outro grupo buscava melhores formas de entendimento mútuo com o brasileiro Fabio Melo, apoiado por Jesper Fredskild do departamento de People Skills de Svendborg. Depois, os grupos trocavam de função.

Dentro dos grupos havia vários bilíngues, alguns totalmente, mas precisando de confiança para reconhecer isso, outros parcialmente, entendendo, mas sem fluência para responder. Esse último segmento impulsionou muitas conversas espontâneas, pois mudavam de idioma sem perceber e todos se sentiam envolvidos, pois as discussões fluíam.
E como fluíam. Poderia-se esperar que, em uma situação multilíngue, houvesse interrupções devido às traduções, mas provavelmente pela necessidade de clareza, todas as contribuições eram concisas. Houve poucos, se algum, desvios do assunto por intervenções mal pensadas. As pessoas falavam porque tinham algo a dizer, não apenas para falar.
Nota final:
“Você diz potato, eu digo potato, você diz Brazil, eu digo Brasil” – optamos por usar o português com “S” quando alinhado a nomes de empresas e com “Z” em uso mais geral.

Rock Stars provam ser Magníficos
Na névoa, a usina, as plataformas de petróleo e os navios de turbinas eólicas no porto de Esbjerg pareciam uma miragem. Na maré baixa, o enorme estuário estava seco, mas poças permaneciam, tornando a caminhada de quatro quilômetros pela areia pegajosa parecer dez. Vestidos com pesados macacões de sobrevivência laranja, eles eram os sortudos; seu helicóptero havia feito um pouso forçado no mar e eles conseguiram sair em segurança. Agora, carregando duas grandes bolsas, caminhavam até a costa esperando encontrar terra firme e passar a noite até serem resgatados.
Geograficamente, isso era Ho, no oeste da Dinamarca. Final de maio, estava deserto, os primeiros turistas alemães ainda não haviam chegado, mas para a equipe Discovery Anglo American de sete homens era pleno verão em algum lugar remoto da Groenlândia ocidental. Preparando-se para a expedição de verão, eles completaram e receberam certificados de HUET, treinamento de escape subaquático de helicóptero, e passaram a manhã pulando no mar aberto de 12 graus com macacões. Agora enfrentavam 24 horas sem os confortos da vida cotidiana.
Deixados por barcos, o grupo se revezava carregando as duas bolsas pesadas pela areia. Elas deveriam conter abrigo e suprimentos para que a equipe sobrevivesse até a chegada do socorro. “Deveriam conter”, porque o instrutor-chefe Sonnich Bjerg Nielsen havia “alterado” as bolsas para garantir que o foco fosse na dupla checagem das coisas. A suposição é mãe de muitas catástrofes e Sonnich removeu duas barracas para dar aos cinco geólogos e seus dois acompanhantes groenlandeses algo em que pensar. Ele também tirou um dos sete sacos de dormir.
“Este exercício é basicamente sobre saber exatamente o que há na bolsa e como usar”, disse Sonnich. “Eles não vão sair sem checar duas vezes da próxima vez. As barracas para duas pessoas significariam uma noite bem aconchegante se não encontrassem uma solução.”

A Solução do Puxador
A solução estava nos “destroços” do helicóptero. Os instrutores da Maersk Training trouxeram um bote salva-vidas, para três do grupo, e com o puxar de um cordão, o abrigo deles ficou pronto mais rápido que as duas barracas. O azarado que ficou sem saco de dormir passou a noite em um saco de sobrevivência, enrolado em papel alumínio como um peru. Depois relatou que dormiu e perdeu peso ao mesmo tempo.
“Não é só uma lista de verificação”, disse Sonnich. “Os sacos de dormir, por exemplo, levantam questões que eles deveriam considerar. Três eram de penas e três de fibra. O de penas aquece mais, mas não é tão resistente ao tempo; se molhar, é praticamente inútil. Então você tem que decidir o que é melhor para cada situação.”
O líder do projeto, Bill Stone, explicou por que ele, dois canadenses, dois groenlandeses, um finlandês e um dinamarquês estavam em um campo geralmente ocupado por ovelhas: “fizemos treinamento no ano passado, mas este ano decidimos elevar o nível e o que estamos aprendendo aqui é que precisamos melhorar ainda mais. Estamos trabalhando em um ambiente ártico remoto, então temos algumas ideias para o que precisaremos em um programa no próximo ano.”
Bill estava acompanhado de outros dois geólogos Anglo American, Graig Weston e Jussi Annanoli, além do doutorando Tim McIntyre, que usará dados da área-alvo em sua tese. O restante do grupo era formado por Claus Østergaard, geólogo consultor da Xploration Services Greenland, empresa que apoia projetos com suporte e conhecimento local. Quando forem para Nuuk e depois de helicóptero para o campo, Angutitsiaq Jensen e Taatsiannguaq Olsen, conhecido como Taatsi, os acompanharão. Locais, eles atuam como guias de campo, licenciados para “abater” ursos polares, mas só se for a última e única opção.

‘Posso tentar hipotermia?’
Eles ficarão em ambientes relativamente normais com comunidades pesqueiras locais e depois serão levados de helicóptero ao campo todos os dias. O que o grupo procura são indícios de depósitos polimetálicos, níquel, cobre, cobalto, platina, que atendam aos critérios da Anglo American.
“Como somos uma grande empresa, precisamos de depósitos de certo tamanho e qualidade para atender nossos limites econômicos. O que estamos fazendo são as primeiras fases de desenvolvimento e reconhecimento de campo para ver se conseguimos entender e validar a geologia como ela existe”, explicou Bill.
A área foi examinada nos anos 1990, mas o tempo muda as coisas rapidamente. Não a geologia, mas o valor, acessibilidade e usos dos recursos.
Os três dias na Dinamarca foram repletos de habilidades vitais de sobrevivência e Taatsi e Claus mostraram o verdadeiro valor do trabalho em equipe e dedicação à tarefa. Eles se voluntariaram para ficar nas águas ainda não convidativas do Báltico até que suas temperaturas corporais caíssem a ponto de a hipotermia começar a se instalar. Retirados da água e com as roupas cortadas para agilizar, foram enrolados em cobertores, papel alumínio e lonas até que as temperaturas voltassem ao normal.
No geral, os sete se mostraram magníficos ao ultrapassar novos limites. O trabalho de campo será uma jornada de exploração, mas começou com o pé direito, com descobertas pessoais nos três dias em Esbjerg e na península de Ho.
Voluntários, sim, de verdade: dois da equipe baixaram suas temperaturas corporais e depois “voltaram à vida” lentamente.


O Rio de Janeiro é uma cidade linda, mas, geograficamente, um lugar estranho. Do nível do chão é difícil entender seu formato. É como uma caixa de ovos virada de cabeça para baixo. De um lado corre o Atlântico e praias absolutamente deslumbrantes. Nos vales ficam a indústria, o comércio e uma enorme população. Os suportes de ovos, as colinas isoladas, são invadidos pelas favelas, as casas precárias que se agarram às rochas como lapas, do mesmo jeito que seus moradores se agarram à existência. As colinas sobem quase verticalmente, algumas até 500 metros, e são frequentemente cortadas por túneis para dar algum acesso aos 6,32 milhões de habitantes, os cariocas.
Não é facilmente acessível, seja de ônibus, balsa, carro ou metrô, ir ao trabalho frequentemente é um processo demorado, e três horas de deslocamento por dia pelo Rio é normal. Como você se sentiria se, para ganhar a vida, a viagem levasse oito horas, cada trecho, e de ônibus! É isso que William tem feito a cada quinze dias no último ano, para vender seu queijo. Ele pega um ônibus às duas da manhã com duas grandes caixas de flamingo e, ao chegar ao Rio, visita sete escritórios, incluindo a Maersk Training, onde vende o queijo. Se não vender pelo menos 200 peças, a viagem de volta de oito horas significa prejuízo financeiro.
O queijo no Brasil custa quase o mesmo que na Europa, mas com o custo de vida local, é quase um item de luxo, fazendo com que os brasileiros consumam 3,2 kg por pessoa ao ano. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura recomenda nove quilos. O salário médio mensal em São Paulo é de €562. O ônibus custa a William cerca de 200 coroas dinamarquesas (€26) cada trecho dos 450 km. De volta ao ônibus pouco antes do fechamento dos escritórios, será quase meia-noite quando William terminar seu dia de trabalho. Em um dia de 200 queijos, com 10% de lucro, ele pode esperar €38 após transporte local e um lanche, não de queijo. Se vender 300, o dia melhora e rende €88.
A casa de William fica a noroeste do Rio, no estado de Minas Gerais, principal área leiteira do Brasil, que é um grande player do setor, só perdendo para Europa e Índia em número de cabeças de gado. A variedade de queijos é ampla, todos produzidos localmente, muitos imitando variedades francesas e italianas. Os mais de 20 tipos diferentes nas duas caixas são importantes para as vendas, com William incentivando as pessoas a experimentar algo novo junto com seus favoritos quinzenais. Infelizmente, o queijo mais vendido no país é o processado – em grande parte devido à conveniência e às necessidades da indústria de fast food.

Fim do jogo da culpa
“É uma proposta interessante, mas que só se provará depois que algo acontecer, como um acidente.” Essa foi a opinião de um funcionário ao considerar o lançamento da iniciativa Safety Differently. A mudança da forma tradicional de analisar e atribuir culpa, passando de ver o indivíduo como o problema para focar na causa raiz, provavelmente vinda do sistema, foi a principal mensagem da atração “estrela” do Global Safety Day. É a única iniciativa que você espera que se prove sem ser totalmente testada.
A Maersk Training ocupa uma posição única em relação à segurança. Está em um ambiente de trabalho relativamente seguro, transmitindo a mensagem de segurança àqueles que estão literalmente na linha de frente, seja no setor marítimo, durante operações de perfuração ou em turbinas eólicas. Mas a segurança não começa nem termina no pé da escada.
Niels Kristian Haastrup, gerente de HSEQ baseado em Svendborg, também responsável por Esbjerg e Stavanger, está em melhor posição que a maioria para entender a necessidade e o impacto de qualquer nova abordagem sobre como reagimos como indivíduos e como empresa.
“É interessante, o que eu gostaria de ver é um aumento nos relatos de incidentes. Eles são muito bons nisso em Esbjerg, comparado, por exemplo, com Svendborg, mas isso se deve a uma cultura diferente. A natureza do treinamento em Esbjerg é mais focada em aspectos de trabalho onde há um elemento de perigo.”
“É sobre mudar nossa mentalidade.”
Niels foi positivo sobre a iniciativa: “Na verdade, eu gosto bastante. Acho que é uma boa abordagem, olhar para o sistema e o aprendizado em vez de, de tempos em tempos, focar nos indivíduos com seus julgamentos ruins, erros e incidentes. Não que eu ache que deva ser usado como desculpa para aceitar incidentes, mas reconhecer que eles ocorrem e que é preciso tirar o melhor disso.”

Uma cultura além do trabalho
O Instrutor Técnico Sênior Morten Arildsen acrescentou: “Geralmente, sempre há a necessidade de provar de alguma forma que o que dizem é verdade. Infelizmente, isso só acontece se houver um incidente e não houver busca por culpados. É fácil concordar com um conceito no topo, mas ele precisa descer por muitas camadas para ver se está funcionando.”
A mudança fundamental, ambos concordaram, é que ao remover a cultura da culpa, provavelmente se incentiva uma cultura de relatos mais robusta. “É sobre mudar nossa mentalidade. É passo a passo se você quiser mudar e talvez tenhamos que nos lembrar do novo objetivo, encontrar a causa raiz em vez de culpar a pessoa”, diz Morten.
Se você pune e toma medidas disciplinares toda vez que alguém faz algo, então não terá relatos e não haverá aprendizado. Precisa de tempo para se provar. Ao se provar, se tornará parte da cultura, uma que não fica apenas no escritório.
“Vários anos atrás eu não usava capacete de bicicleta, então tivemos filhos. Então dissemos OK e começamos a usar para dar o exemplo. Isso está resolvido. Muitas coisas estão no seu instinto, como deixar ferramentas fora do alcance das crianças”, diz Morten.

Segurança – A Visão do Brasil
O workshop Safety Differently levantou preocupações profissionais e semi-profissionais no Rio. Eles analisaram a segurança em uma ampla gama de temas, mas dois tópicos que se destacaram envolveram transporte. Grande parte do treinamento no Rio é feito a bordo e foi no processo de embarque que surgiram problemas e perigos, mas também uma possível solução. Embarcar após o anoitecer aumenta muito as chances de incidentes, então decidiu-se abordar os clientes e solicitar embarque durante o dia, antes das 19h. Também foi sugerido um sistema de checagem prévia para garantir que o equipamento certo estivesse a bordo, reduzindo viagens desnecessárias.
Cerca de metade dos participantes era do escritório e manifestaram preocupação com a falta de confiabilidade do transporte público para ir e voltar do trabalho. Nenhuma solução foi apresentada, mas só de expor o problema, criou-se uma conscientização.
Os diferentes pontos de vista dos funcionários administrativos e dos instrutores de campo foram reveladores, como disse o instrutor de segurança Arthur Lima: “foi muito surpreendente ver a diferença entre nossas rotinas diárias e como os outros veem o que realmente fazemos.”

A Visão Global
É um dia especial no calendário, mas pode ter um impacto tremendo em qualquer outro dia do ano. O Global Safety Day faz parte do ethos da Maersk desde 2013 e, em todo o grupo, eventos relevantes o marcaram.
Na Maersk Training em Svendborg, sessões especiais sobre saúde mental foram acompanhadas de treinamentos práticos de primeiros socorros em RCP e uso de desfibrilador. Isso teve relevância especial porque foi graças a esse conhecimento que um esquiador alemão está vivo hoje. Foi um conhecimento aprendido em um curso militar de primeiros socorros que levou vinte anos para ser colocado em prática instantaneamente por Morten Kaiser.
Christian, instrutor do Exército Dinamarquês, ensinou pessoas de todos os departamentos a realizar RCP, ressuscitação cardiopulmonar. O grupo de participantes ia de estagiário de escritório ao diretor executivo. Outras sessões incluíram treinamento mental/físico e uma introdução de uma hora ao novo foco da Maersk: “Safety Differently”.
*Se quiser ler sobre as ações que salvaram a vida de um esquiador, clique aqui

“Segurança era como estar apaixonado. É difícil dizer o que faz você se sentir seguro, mas com certeza você sabe quando está errado.”
E você, o que faria?
Para alimentar a cultura correta, preparamos algumas perguntas que não têm respostas definitivas, mas abrem portas para o diálogo e para a reflexão, um fórum de segurança. Escolha algumas e discuta com colegas.
Fórum Cinco
No trabalho, a política é estacionar de ré e incentivam a seguir práticas de segurança em casa. Você acabou de desembarcar de um voo longo e a viagem até seu destino leva 2h30. Está chovendo quando você chega. Você estaciona de ré ou entra de frente?
Você está caminhando e vê um vizinho cortando galhos de uma árvore com uma motosserra. Ele não está usando nenhum equipamento de proteção individual. Você comenta com ele ou passa sem dizer nada?
Você é convidado em um evento para cerca de 40 pessoas em outro escritório. O anfitrião começa a apresentação imediatamente. Você aponta que não houve instrução de segurança? Como faz isso?
É uma sexta-feira no início de outubro e seu carro ainda está com pneus de verão. Você planeja trocar no fim de semana, mas houve uma forte geada à noite. Seu escritório fica a 40 km. Você vai trabalhar normalmente? Que atitude toma?
Você acabou de comprar uma bicicleta nova para seu filho de dez anos. Ele quer mostrar para os amigos, mas não encontra o capacete. Os amigos moram na esquina, o que você diz para ele?


Como engenheiro, você esperaria que ao dirigir um carro novo Leonardo Machado analisasse motor, dirigibilidade, desempenho e design. No entanto, a oportunidade que teve o levou a avaliar seu equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Aconteceu da forma mais inusitada. Uma prima de Leonardo, que trabalhava no Discovery Channel, reconheceu seu perfil como perfeito para uma campanha publicitária. Leonardo estava em uma reunião quando ela ligou e, com outras conversas e pensamentos ao redor, ele concordou meio distraído só para voltar ao trabalho.
Ele esqueceu completamente até que, dois meses depois, ela ligou novamente dizendo que “eles” o queriam. “Eles” eram a Volkswagen e o carro, a última versão do Jetta, seu sedã familiar. Protestando que não era ator, ela disse que o conceito era mais documental, estilo de vida. Ele estava dentro, até o câmbio, em um vídeo de dois minutos sobre sua vida, homem de família, empresário – tipo James Bond sem as garotas, armas ou truques, e onde o Aston Martin é um Volkswagen.
A participação do carro no filme foi focada, mas quase incidental, um belo exemplo de marketing sutil. Era sobre valores de vida. Como mensagem, o Jetta apareceu como o jeito sensato de se locomover, com qualidade de construção e um toque de classe.
Nova visão sobre os criativos
De volta à Maersk Training no Rio de Janeiro, onde é Diretor Geral, Leonardo refletiu sobre a abordagem – acabaram-se os dias de vendas agressivas por telefone frio – agora é o produto que fala por si, é sobre o quadro completo.
Lá estava ele, engenheiro, não ator, diante de uma parede de técnicos e uma montanha de equipamentos, definitivamente fora da zona de conforto. Por sua profissão, era estruturado e preciso, mas ali estava em um mundo de criativos impulsivos.
“O que me surpreendeu foi que era tudo muito organizado. Eu tinha a ideia de que eles só falavam bobagem e não eram organizados, que iam fazer coisas criativas a cada cinco minutos – não era nada disso. Trabalhamos 14, 15 horas por dia, parando para almoçar às 15h, três dias seguidos. Nunca me senti tão energizado quanto com um novo desafio.”
Depois da última claquete e do diretor anunciar o FIM, Leonardo ganhou um novo foco, não só no mundo comercial, mas na vida em geral. O conteúdo do filme final surpreendeu Leonardo. Era como um espelho especial oferecendo uma visão sobre sua vida e estilo de vida.
“Havia uma mensagem para mim: ouça, você pode dar o próximo passo como líder de equipe. Achei que minha vida não era tão chata, quando vi o filme pensei, poxa, sou um cara interessante. Comecei a pensar que temos tantos jovens aqui no escritório e comecei a pensar neles e em suas carreiras, também ligando à vida pessoal, porque tudo faz sentido quando está conectado, e pude ver o quadro completo disso no anúncio, uma combinação e equilíbrio de tudo que faz funcionar.”
Por mais legal que fosse o Jetta, a vida privada de Leonardo, embora focada, não mudou dramaticamente. Ele dirige feliz seu Hyundai para casa.


O relógio na parede marcava oito e cinco, mas a equipe de perfuração na sala de aula estava prestes a viajar 200 milhões de anos no passado. O alvo físico final está a apenas 85 km da costa brasileira. Espera-se que seja a chave para uma das riquezas do Atlântico Sul, os extensos campos de petróleo que se estendem do Brasil até Angola, dois países em dois continentes que já foram unidos fisicamente e agora compartilham uma língua e um potencial milagre transformador.
A noite antes de dizermos “nunca mais!”
“Ele é meio festeiro”, ela disse sem pensar no que acabara de dizer. Afinal, animais realmente fazem festa?
Bem, parece que alguns, como macacos, golfinhos e wallabies, para citar três, fazem sim. Pelo menos entram no clima ficando bêbados ou chapados com substâncias naturais. Mas o que nos faz querer festejar? Nós amamos festas. Qualquer desculpa para uma festa, festival ou celebração é aproveitada.
Na Dinamarca, por exemplo, o mês de maio está repleto de motivos para hastear a bandeira. Além de feriados e meios feriados para marcar momentos religiosos, políticos, históricos e o dia em que as flores dobram de preço para agradecer às mães, as oportunidades de sorrir são muitas. São onze feriados de abril a junho, na prática dois meses, e depois nenhum até 24 de dezembro. Para preencher a lacuna, colocam bandeiras nos ônibus para cada aniversário real, e são tantos que talvez fosse uma boa ideia alternar a informação da rota com o nome de quem, ou do que, estamos celebrando.
Além das datas importantes, temos festas para marcar inauguração de casa, chá de panela, despedida de solteiro, reunião de turma, dia de eleição, marcos pessoais, Super Bowl, Oscar, divórcio, sair do armário, divórcio e sair do armário, a lista continua. Até um simples jantar com a desculpa de estar junto já é motivo suficiente.

Feliz, de ressaca e mais saudável
E aqui está o motivo mais sólido. Pesquisas indicam que festas fazem bem à saúde. Como organizador, talvez haja um aumento temporário do estresse, mas isso é compensado pelo treino para lidar com o estresse e pelo fato de que a boa vontade gerada aumenta a diversidade da sua rede social. Há indícios de que pessoas com uma base mais ampla de amigos têm corações mais saudáveis.
Quantas vezes você acordou de uma festa dizendo “não lembro de nada”? Pois, ao contrário, a festa provavelmente ajudou sua memória. Cria uma nova, revitaliza antigas ao relembrar histórias e associar nomes a rostos. A Academia Americana de Neurologia até quantificou. Dizem que pessoas que viajam e são socialmente ativas têm 55% menos chance de desenvolver sintomas como demência.
Depois, há o fator risada. Um velho ditado iídiche diz que o que o sabão é para a pele, o riso é para a alma. O riso é um meio de controlar a dor; as endorfinas produzidas ao rir aumentam nosso limiar de dor. Um teste na Universidade de Oxford mostrou que a equipe A, que assistiu a um documentário sério, era mais suscetível à dor do que a equipe B, que assistiu a uma comédia. Uma boa gargalhada realmente fortalece os músculos abdominais. É um argumento a favor de uma visita ao bar em vez da academia.
Claro, há festas que pouco contribuem para o cérebro ou corpo, como a confusamente chamada Oktoberfest, que acontece em setembro, ou a simplesmente confusa Noite do Krampus, onde um meio-bode meio-demônio chicoteia crianças para que sejam boazinhas no Natal. Ambas de origem germânica, há também versões holandesas e francesas do bode maluco. Durma tranquilo com essa. Existem festivais que são puro desperdício, como a La Tomatina em Valência. Há mais de 70 anos, tomates viram armas de diversão em uma vila espanhola. É um desperdício espetacular de vitamina C que muitas crianças famintas teriam dificuldade em entender.
A Grande Festa
E então há o carnaval – agora sim, uma festa onde quer que seja, mas os quatro dias no Rio são algo à parte. É uma cidade que vive para festejar, mesmo que as origens das festividades não sejam como parecem. O carnaval nasceu do cristianismo e da Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa. Se fosse seguido à risca, churrascarias e hamburguerias teriam que guardar seus espetos. O termo por trás das fantasias e sons vem de carnae levare, a retirada da carne. O mesmo marco do calendário é chamado de Fastelavn, Terça-feira Gorda e Mardi Gras em outras culturas, mas é o entusiasmo do Carnaval que o tornou um substantivo coletivo para diversão.

Foi totalmente por acaso, porque se você quiser trabalhar no Rio, não tente durante o carnaval. Errei o timing da visita e presenciei o evento em Copacabana – o grande show acontece em outro lugar e as pessoas pagam caro para ter um bom lugar, mas é nos blocos de bairro que você sente algo mais cru e autêntico. De pé na chuva morna às nove da manhã, o desfile estava prestes a sair pela orla. Um caminhão enorme com um trailer tinha alto-falantes suficientes para fazer o chão tremer. O público era 20% na calçada, 70% participantes e o restante aparentemente montando uma organização internacional de bebidas – um velho carrinho de bagagem, uma caixa térmica de flamingo e um saco de gelo onde se jogam caixas de Brahma e Antarctica.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo e isso se deve em parte ao Carnaval – cem milhões de litros são consumidos diariamente nos quatro dias de folia. Talvez por isso, depois de três horas e meia, o desfile tenha avançado apenas vinte e cinco metros.
É festa, festa, festa – mas com herança enterrada e propósito sério. Por quatro dias hedonistas, você pode esconder suas preocupações com fantasias, explodir ansiedades com som e afogar a realidade em caipirinhas. Sim, esqueça a ressaca, festas fazem bem à saúde. Voar para o Rio faz bem para a saúde, mesmo que machuque o bolso.
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